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O Rio no Final do Século XVI

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O Rio no Final do Século XVI Empty O Rio no Final do Século XVI

Mensagem por sombrio Sáb 10 Abr 2010 - 0:23

* O Primeiro Governo de Salvador Correa de Sá - 1568 a 1571
* Cristóvão de Barros - Terceiro Capitão do Rio
* A Missão de Antonio de Salema
* O Segundo Governo de Salvador Correa de Sá - 1577 a 1598
* O Início da União Ibérica
* A Vida Religiosa
* Capitão Mendonça de Vasconcelos
* Relação dos Capitães-Governadores que a cidade teve no Século XVI


O Primeiro Governo de Salvador Correa de Sá - 1568 a 1571

No período entre 1568 a 1571, Salvador Correa de Sá governou pela primeira vez a Capitania do Rio de Janeiro, neste período foi mantido o ritmo de crescimento da cidade. Os problemas da defesa ainda persistiam devido a não ter desaparecido a ameaça francesa e dos nativos. Salvador não desiludiu a confiança do Governador Geral, apesar de sua juventude, se a cidade não se desenvolveu mais foi devido à indiferença da Corte, que não abrira os olhos à realidade geográfica que começava a ser o Rio de Janeiro.

Sousa Viterbo não conseguiu descobrir a ascendência de Salvador de Sá, que seguramente deveria ser um sobrinho da mesma forma que Estácio de Sá, filho de primo co-irmão. Recursos Nobiliários de Filgueiras Gaio e Álvares Pedrosa concluem que ele nasceu em 1547 na Quinta de Penaboa em Vila Nova de Famalicão, sendo filho de Gonçalo Correa da Costa e de Filipa de Sá, que era filha de Martim de Sá e neta de Rui de Sá, em cuja pessoa se entronca a ligação com os Sás de Coimbra. Salvador seria parente em terceiro grau do Governador do Brasil(1).

Salvador poderia ter vindo para o Brasil em 1557 em companhia do tio e dos primos Fernão e Estácio, mas como não existe nenhuma referência a isto pode-se pensar também que ele tivesse vindo em 1563 com a frota de Estácio de Sá. Não se poupou o novo Capitão a esforços para atrair moradores ao Rio de Janeiro, concedendo para isto muitas Cartas de Sesmaria.

Martim Afonso Araribóia recebera de Mem de Sá uma Sesmaria a 16 de Março de 1567, em terra que fora de Antonio de Mariz Coutinho e aí fixou-se com seus familiares. Tinha sido catequizado pelos jesuítas e mostrava desejo de abandonar a vida errante dos irmãos de raça. Em meados de 1568 quatro naus francesas chegaram à região de Cabo Frio e influenciadas pelos índios Tamoios resolveram atacar Araribóia. Diante da ameaça, o Capitão-Mor resolveu prestar socorro ao Recôncavo de São Lourenço, onde Araribóia estava com sua tribo, tendo expulsado os franceses em 8 de junho de 1568, apoderando-se de uma das naus com toda a sua carga. Após esta derrota, algumas tribos Tamoias fixaram-se em Cabo Frio e tornaram-se pacíficas, outras continuaram a hostilizar os moradores da cidade e a atacar os barcos com destino ao Rio de Janeiro.

A notícia do povoamento da cidade fez com que alguns dignitários da corte procurassem obter Cartas de Sesmarias em seu favor. Ao velho sonho de riquezas da Índia sucedia a atração da Terra de Santa Cruz. A Coroa desejava que as Sesmarias fossem doadas a cidadãos que realmente estivessem interessados em morar e cuidar da terra e não a privilegiados.

Em 20 de fevereiro de 1569 foi assinada a Carta Régia que criava a Paróquia do Rio de Janeiro e nomeado o Padre Mateus Nunes como primeiro vigário da terra, com funções de Ouvidor Eclesiástico(2). Salvador deu prosseguimento à construção da cidade, iniciando a edificação da Igreja Matriz de São Sebastião, no Morro do Castelo. Repeliu uma tentativa dos franceses para recapturar a cidade e organizou uma expedição para atacar-lhes o estabelecimento que haviam fundado em Cabo Frio.

Não se conhecem registros que permitam traçar a curva de crescimento da população local e o cômputo dos nascimentos e óbitos dos primeiros anos do Rio de Janeiro. Entre 1570 e 1574, Magalhães Gândavo apresenta o número de 140 vizinhos de terra, mas a vida social, criada no deficiente quadro do primeiro povoamento, não pode ser restaurada por falta de dados históricos. O total de escravos negros, que se fixaram no Rio de Janeiro, no último quartel do século XVI, apesar de ignorado, não pode ser grande. Não havia sido desenvolvida ainda a cultura da cana de açúcar, portanto, a necessidade de mão-de-obra negra não era muito grande para os moradores portugueses.

Salvador construiu para si um engenho numa ilha que, por esse motivo, passou a se chamar Ilha do Governador, nome que até hoje conserva. Deu aos moradores o direito de construírem suas casas onde bem lhes parecesse, favorecendo assim a expansão da cidade pela Várzea. Com ele, algumas vezes designado "O Velho", inicia-se o que se poderia chamar a dinastia carioca dos Correas de Sá, de grande e extenso prestígio no Rio de Janeiro e que durante perto de um século, através de três gerações, repetidas vezes governaria a cidade quase como se fosse um feudo seu.
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Cristóvão de Barros - Terceiro Capitão do Rio

Terminado o primeiro Governo de Salvador Correa de Sá, foi nomeado para substituí-lo Cristóvão de Barros, a 31 de outubro de 1571 e ele veio a tomar posse em fevereiro de 1572.

A 4 de outubro de 1571, uma Provisão Régia comprovava a nomeação de Cristóvão de Barros e dava a ele o direito de adquirir o material necessário às obras de fortificação em São Vicente e Espírito Santo(3). Uma Provisão de 27 de outubro autorizava Cristóvão de Barros a conceder terras de Sesmaria às pessoas que nelas fossem viver e a retirar as terras concedidas, se os sesmeiros no prazo de um ano não fossem habitar o Rio de Janeiro(4). O surto demográfico viria contribuir para o aumento da povoação e para a riqueza agrícola de toda a região.

A 31 de outubro dois Alvarás nomeavam Cristóvão de Barros para o cargo de Capitão e Governador da Capitania da Cidade do Rio de Janeiro, pelo prazo de quatro anos, com poderes inerentes ao ofício que Salvador de Sá já desempenhara e para o cargo de Provedor da Fazenda por igual período de tempo(5). Foram também nomeados os artífices para as obras de defesa da cidade. A 17 de novembro era nomeado Francisco Gonçalves no cargo de mestre de obras de fortificação e como carpinteiros Simão Fernandes e João Gomes provenientes da Ribeira de Lisboa.

Cristóvão de Barros era filho de Antonio Cardoso de Barros, antigo Provedor da Fazenda do Brasil. Em 1566 comandara a frota que levou Mem de Sá para socorrer os moradores do Rio de Janeiro. Recebeu uma Sesmaria em 12 de outubro de 1567 na área do Rio Macacu, próximo da de Miguel de Moura. Regressou a Portugal onde recebeu a designação de capitão-mor. Cristóvão de Barros regressou numa autêntica expedição ao Rio de Janeiro, com a qual, pela primeira vez, no reinado de D. Sebastião, encarava-se com realismo o problema de sobrevivência do Rio de Janeiro. A terra ia alargando e sua área sendo povoada, mas os trabalhos de construção mantinham-se em ritmo lento. Poderia já estar no pensamento do Monarca, a intenção de dividir o Governo do Brasil, que veio a se realizar dois anos mais tarde, cabendo ao Rio de Janeiro o Governo do Sul.

Durante seu Governo ampliou as fortificações da cidade; estimulou a lavoura da cana; fundou o Engenho Del-Rei às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, no local onde hoje se acha o Jardim Botânico; concorreu eficazmente para o povoamento das margens da Guanabara, concedendo numerosas sesmarias de Irajá até às margens do Rio Suruí. Ele próprio construiu para si um engenho de açúcar em Magé (Magepe, de acordo com os antigos documentos).
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A Missão de Antonio de Salema

Em 1569, Mem de Sá já se achava à frente dos negócios do Brasil por doze anos. Após sucessivos pedidos de substituição, devido a problemas de saúde, convenceu-se que iria falecer longe de sua pátria e assinou seu testamento em Salvador a 6 de setembro de 1569, mas D. Sebastião já encarava o problema de sua substituição e em 7 de março de 1570 nomeou D. Luís Fernandes de Vasconcelos para o cargo de Governador do Brasil e Antonio de Salema como administrador do Norte do Brasil incumbindo desta forma, um jurista de estudar as medidas administrativas da justiça nas Capitanias do Norte, no entanto Antonio Salema iria ter nome ligado ao Rio de Janeiro.

Antonio de Salema era natural de Alcácer do Sal e fizera seus estudos de Direito na Universidade de Coimbra. Foi nomeado Lente de Instituta a 14 de dezembro de 1565 e um ano depois coube-lhe a Regência do Código. Para a missão do Brasil, Antonio de Salema recebeu a autoridade de Desembargador da Casa de Suplicação, por Carta Régia de 2 de março de 1570.(6) O Desembargador saiu de Lisboa em 6 de junho de 1570, junto com D. Luís de Vasconcelos, sua frota foi atacada pelos franceses Jacques Sória e Capdeville, causando à morte do Governador e de 40 jesuítas que o acompanhavam. Antonio Salema conseguiu chegar à Bahia e desempenhou seu cargo entre 1571 e 1573. Mem de Sá não mais deixou o Brasil, porque veio a falecer na Bahia em 2 de março de 1572.

A morte trágica de D. Luís de Vasconcelos abriu um prematuro problema de sucessão e tendo-se em conta a vastidão da terra e a enorme distância que separava as Capitanias, D. Sebastão achou que não era conveniente manter apenas um poder central, recaindo todas as responsabilidades sobre uma pessoa. Por Carta Régia de 16 de dezembro de 1572 decidiu criar dois cargos, respectivamente nas cidades de Salvador e Rio de Janeiro, cada um com a sua zona geográfica, política e administrativa de Governo, servindo de linha divisória as Capitanias de Ilhéus e Porto Seguro. Para o norte foi nomeado Luís de Brito de Almeida do Conselho Régio e o doutor Antonio de Salema para o sul. Sua partida para o Rio de Janeiro se deu apenas em 1574, após a chegada de Brito de Almeida a Salvador e os dois terem redigido um ato de dez artigos sobre a liberdade dos índios. Quando chegou ao Rio de Janeiro, Cristóvão de Barros era o Capitão da Cidade e não se poupara a esforços para atrair colonos e aumentar o número de casas da povoação, mas então sua autoridade foi suplantada pela presença de um Governador Geral do Sul do Brasil.

A figura de Antonio de Salema apresenta muitos pontos coincidentes com Mem de Sá, ambos juristas e preocupados com os problemas da administração, mas revelando, de igual modo, apreciáveis dotes militares na defesa da terra, impondo-se com todas as forças ao gentio rebelde e aos corsários franceses. Era inflexível no cumprimento das ordens da coroa, colocando o serviço régio acima de todas as conveniências e dos próprios sentimentos, tal como Mem de Sá. De 1574 a 1577 permaneceu Salema no Governo das Terras do Sul. As naus francesas que, embora em número pequeno, continuavam a rondar a costa do Cabo Frio, tiveram nele um adversário difícil, que não lhes deu trégua.

Algumas tribos de Tamoios não desistiram de chamar os franceses em seu auxílio, Salema resolveu agrupar uma força de 400 brancos e 700 índios e dirigiu-se com Cristóvão de Barros para o Cabo Frio, onde infligiu pesada derrota aos inimigos. Nessa guerra prestou-lhe serviço o Capitão de São Vicente, Jerônimo Leite, que ocorreu com um corpo de voluntários. Para Salema a defesa da soberania de Portugal nunca poderia ceder às ameaças de corsários e mercadores de outras nações, sem nenhum direito de posse sobre a terra do Brasil. Os seus excessos militares seriam compensados com o trabalho missionário levado a cabo pelos jesuítas, para quem o indígena era um ser educável.

O Dr. Salema melhorou às comunicações com as lavouras que se formavam na zona que se estendia até Jacarepaguá. Para esse fim construiu uma ponte sobre o Rio Carioca, onde hoje fica a Praça José de Alencar, ponte essa que durante longos anos foi conhecida pelo seu nome.

Procurou desenvolver o Engenho Del-Rei que só dava despesas sem compensação. Foi este engenho posteriormente vendido a Domingos de Amorim Soares, que o transferiu a Sebastião Fagundes, de quem passou à posse de seu genro Rodrigo de Freitas, que deu o nome pelo qual se tornou conhecida a Lagoa de Socopenipã. Conservaram-se essas terras em poder dos herdeiros de Rodrigo de Freitas até começos do século XIX.

A presença de Antonio de Salema fez com os indígenas deixassem de ser um perigo imediato para a sobrevivência da nova cidade. Antonio Salema voltou a Portugal em 1577 e veio a falecer em Lisboa como Desembargador dos Agravos.
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O Segundo Governo de Salvador Correa de Sá - 1577 a 1598

Em 1577, decidiu o monarca acabar com o Governo duplo do Brasil, concentrando o exercício do cargo novamente, numa única pessoa. A divisão tinha gerado a separação das várias Capitanias, cada uma tentando defender seus próprios interesses, num claro desmembramento da unidade do Brasil. Desde o início de 1577, D. Sebastião pensava encontrar um homem experiente para a difícil missão, o escolhido foi Lourenço da Veiga. A 15 de janeiro de 1577, uma Carta Régia, ordenava o pagamento ao Dr. Salema do que lhe era devido e anunciava o retorno do desembargador. Em 12 de abril de 1578, era nomeado Governador Geral das Terras do Brasil, Lourenço da Veiga.

Lourenço da Veiga nascera em 1530, filho de Manuel Cabral da Veiga e de D. Antonia de Lemos. Era homem afeito à carreira das armas tendo combatido no norte da África e era dono de bens em imóveis em Lisboa. Veio a falecer no Brasil em 1581. A nomeação de Lourenço trouxe a necessidade de encontrar, para o Rio de Janeiro, um substituto para Cristóvão de Barros. A escolha recaiu sobre Salvador Correa de Sá que decerto teria cobiçado a função, pois era possuidor de muitos bens no Rio de Janeiro onde viviam seus familiares e não lhe eram estranhos os problemas da vida local. O Alvará Régio de 10 de setembro de 1577, elevava os serviços do capitão, na direção da cidade no período de 1568 a 1571. O cargo era de novo confiado a Salvador Correa de Sá, por um período de três anos(7), mas acabou permanecendo nele por vinte e um anos, até 1598.

Nesta época o quadro administrativo do Rio de Janeiro, foi modificado por D. Sebastião, que nomeou novos dirigentes: Manuel Gomes que era Tabelião Público e Judicial havia falecido e foi nomeado para substituí-lo Gonçalo Aguiar a 11 de outubro de 1577 (Cool; Francisco de Souza foi nomeado Feitor e Almoxarife(9); Cristóvão de Barros recebeu o cargo de Provedor-mor da Fazenda Real, que já havia sido ocupado por seu pai Antonio Cardoso de Barros(10). A esquadra trazendo o Governador e o Capitão do Rio de Janeiro deixou o Tejo em novembro de 1577 chegou ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1578.

Cristóvão de Barros aceitou o cargo, no entanto, um ano depois solicitou para ser substituído porque era homem de armas e não de fazenda. Seu apego aos bens materiais era demonstrado pelo trabalho em um engenho de açúcar no Rio de Janeiro. Salvador Correa de Sá não permaneceu na cidade por todo o tempo de seu governo, chefiou muitas expedições ao interior, algumas em busca de índios escravos, outras de minas de ouro, de prata e de pedras preciosas nas montanhas do sertão.

Neste período morreu D. Sebastião e teve início a União Ibérica, que uniu os tronos de Portugal e Espanha, que foi reconhecido por Salvador.

Durante seu segundo Governo, Salvador concluiu a construção da Igreja Matriz de São Sebastião, que havia iniciado no primeiro Governo e para lá transladou os restos mortais de Estácio de Sá, que ainda permaneciam na capela da Vila Velha. Ampliou a cidade favorecendo as grandes construções e melhorou a organização dos serviços públicos. Concorreu para o estabelecimento na cidade das ordens religiosas dos beneditinos, franciscanos e carmelitas. Foi durante seu Governo que, por iniciativa de Anchieta, foi construído o primeiro hospital da cidade, o Hospital da Misericórdia e, fundada a Irmandade da Misericórdia, em 1582.

Em 1585 três engenhos de cana de açúcar funcionavam em condições precárias, e o trabalho agrícola fazia-se com o auxílio do trabalho indígena. Somente a partir de 1620, o Rio de Janeiro começou a receber uma parte da mão-de-obra escrava, que vinha de Angola para se fixar no Brasil. No povoamento houve participação espanhola, sobretudo a partir de 1580, porque a união das duas Coroas permitia que os espanhóis se fixassem nas áreas pertencentes a Portugal.
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O Início da União Ibérica

Em 1578 morreu o Rei D. Sebastião numa batalha em Alcazer-Quibir, na África e o trono de Portugal a ser ocupado por seu tio D. Antonio - Prior do Crato, mas seus direitos ao trono foram questionados pelo Rei da Espanha - Felipe II, que julgava ter mais direito e se não os tinha, venceu pela força militar. Desta forma teve início o período da União Ibérica, que uniu os tronos de Portugal e Espanha, numa mesma Coroa até 1640 .

Em 1581, ocorreu novo ataque dos franceses ao Rio de Janeiro. Poucos dias depois da batalha de Alcântara, em que D. Antonio foi derrotado por Felipe II, o Governador Pedro da Cunha, teria aconselhado D. Antonio a instaurar o seu domínio nas terras do Brasil, preparando aí o reconhecimento de outras potências e a reconquista do solo da Metrópole. D. Antonio que confiava no milagre de Aljubarrota, que D. Sebastião iria retornar vivo da África, não aceitou os conselhos.

A 25 de maio de 1582 a realeza de Felipe II era solenemente jurada na Baía de Todos os Santos e aceita em todo o Brasil. Catarina de Médicis preparou na França, uma esquadra de socorro para a Ilha Terceira, cujo almirante era o italiano Strozzi. A esquadra foi derrotada em Vila Franca de Campo pelo Marquês de Santa Cruz e pode ser que o Prior de Crato, em troca do auxílio da rainha-mãe de França, tivesse cedido a ela seus direitos sobre a terra do Brasil, mas isto não é fato comprovado.
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A Vida Religiosa

Por volta de 1573 já se erguia no Morro do Rio de Janeiro, dominando a enseada e gozando de esplêndido assento, o Colégio da Companhia de Jesus, cujas raízes datavam de julho de 1567. Enquanto prosseguiam os trabalhos da construção, ali fechou os olhos, em 18 de outubro de 1570, o fundador e primeiro Reitor da Ordem o celebrado Manuel da Nóbrega. O Colégio foi inaugurado no início de 1573 . Por este tempo pode Magalhães Gândavo celebrar a escolha do sítio e a beleza das construção. De janeiro a novembro deste ano contavam-se várias dezenas de alunos à sombra da instituição, que se tornou um viveiro de padres e missionários.

A chegada do Padre Inácio Tolosa, novo Provincial, em janeiro de 1573, veio alargar a influência dos padres na vida local, tanto na pregação, como no ensino aos filhos dos moradores. A presença do Governador Antonio de Salema, amigo dos jesuítas, aumentou o prestígio do Colégio do Rio de Janeiro, como bem demonstra o Padre Serafim Leite. Juntando o apoio do Cardeal D. Henrique, que fora amigo de Nóbrega, pode-se compreender o clima de simpatia de que desfrutavam, na Corte, os jesuítas na nova cidade.

Quando Salvador Correa de Sá, em fevereiro de 1578 chegou ao Rio de Janeiro, estava acompanhado por Bartolomeu Simões Pereira, que D. Sebastião, em 11 de maio de 1577, nomeara para Administrador Apostólico da cidade ficando sob sua jurisdição as quatro Capitanias do sul: Rio de Janeiro; Porto Seguro; Espírito Santo e São Vicente, ficando as Capitanias do norte sob a competência de D. Antonio Barreiros que continuava a residir em Salvador. Isto indicava que no domínio religioso se manteve a divisão do Brasil em duas partes, enquanto que no político havia unidade no Governo.

No final do século XVI já se erguiam novas igrejas no Rio de Janeiro, além do Colégio de Jesus e da Misericórdia local. A Ordem de São Bento que havia sido fixada em Salvador em 1581, três anos depois se instalava no Rio de Janeiro. Os Capuchos vieram a fixar-se pela mesma época, mas foi a Ordem do Carmo, depois da Companhia de Jesus, a que mais depressa conseguiu se impor no meio religioso da cidade.

O Colégio dos Jesuítas apresentou no Natal de 1584 um Auto de São Sebastião, ao qual esteve presente o Padre Fernão Cardim que pronunciou a oração gratulatória. O Colégio era na época dirigido pelo Padre Inácio Tolosa, depois substituído por: Fernão de Oliveira em 1592; Francisco Soares em 1595 e Fernão Cardim.
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Capitão Mendonça e Vasconcelos

Após vinte e um anos de Governo, em 12 de março de 1598, Salvador Correa de Sá foi substituído pro Francisco de Mendonça e Vasconcelos escolhido pelo Governador da época, D. Francisco de Sousa(11). Não possuía méritos pessoais que o tivesse feito alcançar tão alto posto da vida ultramarina. Chegou à cidade a 7 de julho de 1598 e parece ter tido um governo bastante apagado.

Não custa aceitar as razões pelas quais o novo capitão nunca poderia governar a contento dos moradores, era uma terra à qual vários membros da família Sá tinham ligado a vida, em longos anos de heróica presença, na defesa e aumento da cidade, desde o sacrifício do fundador à obra de sustentação de Salvador, quantos nomes do tronco comum não se tinham fixado na terra, ali criando as raízes com que a família Sá, ao longo de trinta e cinco anos se prendera ao Rio de Janeiro. O Governador Mem de Sá, o fundador Estácio de Sá, o capitão Salvador e seus três filhos: Gonçalo, Duarte e Martim Correa de Sá, os irmãos de Salvador: Duarte e Manuel Correa e seus primos Martim, Simão e Manuel servem de exemplo para se compreender o esforço dos Sás na obra de criação da cidade. Os primeiros moradores e seus descendentes tinham ficado presos a uma família que lhes concedera terras de Sesmaria e que partilhara, com eles, as duras horas de assentamento da nova cidade. Nos fins os século XVI talvez houvesse razão, para considerar o Rio de Janeiro como um patrimônio da família, terra regada pelo esforço dos povoadores sob a égide corajosa dos Sás.

A chegada do novo Capitão indispôs Salvador, que sonhara com a existência de minas no interior do Brasil, sentindo que a terra ainda não desvendara a riqueza de seus tesouros. Viajou à Corte, onde o seu valor continuava a ser grande, devido a amizade com Cristóvão de Moura. Este fora nomeado a 8 de fevereiro de 1600 para o alto cargo de Vice-Rei de Portugal. Salvador partiu em agosto de 1601 e chegou a Lisboa em outubro de 1602, depois de uma travessia tumultuada. Com a ajuda de Moura, não seria difícil conseguir de novo o Governo do Rio de Janeiro, mas sua ambição olhava mais para o alto, para o supremo Governo das Minas da Terra do Brasil, que veio receber com a morte de D. Francisco de Sousa. Salvador Correa de Sá morreu em Portugal, em 1631.

A sorte de Mendonça e Vasconcelos foi resolvida em julho de 1602 quando findou o exercício do cargo. Veio a suceder-lhe Martim de Sá, filho de Salvador, que assim reintegrou na linha familiar a Capitania do Rio de Janeiro. Mas esta história já pertence ao século XVII que já havia iniciado.
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Relação dos Capitães-Governadores que a cidade teve no Século XVI
Estácio de Sá
1564-1567 Mem de Sá
1567-1568 Salvador Correa de Sá
(1o governo) 1568-1571 Cristóvão de Barros
1571-1575 Antônio de Salema
1575-1577 Salvador Correa de Sá
(2o governo) 1577-1598 Francisco de Mendonça e
Vasconcelos 1598-1602

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